terça-feira, 3 de abril de 2012

Tortime!


Rápido, não há tempo a perder. Mas vamos com calma, que o que passou, passou e não tem volta.


Antigamente, nos tempos primordiais, bem antes dos tempos das nossas avós, a passagem dos dias, das horas e dos minutos tinha uma importância insignificante. Era tempo de viver – ou melhor, de sobreviver, nada em comum com a ‘Era de Ouro’. Porém, com o passar do tempo, as coisas começaram a apressar-se. Provavelmente, foi lá pela Grécia Antiga que o tempus fugit ganhou suas asas. E os boatos não mudaram de lá pra cá.


Mas voltemos ao presente. O mundo diminuiu com o corte do tempo, cicatriz que hoje chamamos de ‘ano’; e para piorar, acorrentamo-nos aos relógios. Relógios de parede, de pulso, de mesa, de cabeceira, de tudo! Digitais ou analógicos, de todas as formas ou tamanhos para não ter ninguém que fique o tempo todo a reclamar.


Os segundos teimam a passar nos últimos instantes e as horas voam quando não devem. Fizemos um instrumento de tortura do pior tipo: o imprevisível que achamos que é previsto. Pois não é possível entender porque as horas de profunda tristeza arrastam-se pela eternidade; nem compreender a razão dos momentos de júbilo desaparecerem no passado e o tédio estender-se pelo futuro interminável; e muito menos raciocinar em um momento de um beijo: quando não sabemos se foram segundos ou milênios.


Às vezes, uma eternidade pode durar apenas um segundo.


Uma corrente pode ser uma cobra a se mover pelas suas próprias leis.


Mas, com licença que tenho pressa, vou assistir a um pôr-do-sol. Haja tempo!

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